Sendo o Brasil um país recente em termos de humanidade
A partir da segunda metade do século XIX, ocorreu um grande
desenvolvimento nos estudos sobre Arqueologia. Nomes
como os de Fritz Müller (1868) e Virchov (1872), Karl von
Steinen (1887), Carlos Wiener (1876), Cândido Mendes de Almeida (1876),
J.B. Lacerda (1885), Domingos Ferreira Penna (1880), Von Iehring, Alberto
Löfgren (1893) e Ricardo Krone (1911) apresentaram seus estudos.
Na modernidade, destacamos os trabalhos do PRONAPA, na segunda metade
do século XX. Entre os autores, destacamos os trabalhos de Ab`Saber,
Guidon, Pallestrini, Paulo Duarte, Paul Rivet (ROHR, 1959), Garcia, (1972),
Uchôa (1970 e 1973), Lina Maria Kneip, Tania Andrade Lima (1991) , Maria
Dulce Gaspar, Prous e Piazza (1977), Neves (1988), Barreto (1988), Rohr
(1973), entre outros.
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Como Indiana Jones
Quem são os arqueólogos brasileiros que, como o herói do cinema, trocam os livros por picaretas e acham tesouros históricos
Rodrigo Cardoso
ENTRE MÚMIAS Cintia tem uma sala dentro da tumba
Cintia Alfieri Gama
Idade: 28 anos
Formação: historiadora e mestre em arqueologia. Atualmente, faz doutorado em religião do Egito Antigo na Escola Prática de Altos Estudos, na universidade Sorbonne (França)
Expedições: participa de duas escavações no Egito: em uma tumba e outra em um templo
Descobertas: estatuetas funerárias em tumbas, uma múmia, cadáveres e cerâmicas da época dos faraós
Fazia 40 graus à sombra, debaixo de uma tela de plástico perfurada em Monte Sião, Jerusalém. Corria o último mês de julho e cerca de 50 titulados acadêmicos de diferentes partes do mundo distribuíam picaretadas nessa porção de terra sagrada, onde ficava a residência de Caifás, o sumo sacerdote que presidiu os dois julgamentos de Jesus Cristo. Todos haviam trocado de bom grado o ar-condicionado de suas salas nas universidades para suar sob o sol escaldante da cidade santa, em busca de tesouros históricos. No meio dessa turma um brasileiro, professor de arqueologia, com um chapéu à Indiana Jones na cabeça, lutava contra uma tendinite no braço esquerdo provocada por uma inflamação na coluna cervical. Aos 54 anos, o paulista Jorge Fabbro, teólogo com mestrado em arqueologia pela Andrews University (EUA), não queria abandonar a terceira expedição da qual participava em Israel.
Rodrigo da Silva
Idade: 39 anos
Formação: teólogo, filósofo e doutor em teologia bíblica.
Fez pós-doutorado em arqueologia na Andrews University (EUA), além de cursos de arqueologia na Universidade Hebraica de Jerusalém
Expedições: escavações em Israel, Jordânia, Sudão e Espanha
Descobertas: uma estatueta do período neolítico, datada entre 10000 a. C. e 5000 a. C., hoje exposta no museu de Shaar ha Golan, em Israel, e três moedas gregas raras
Além de atender às preces do professor Fabbro, Deus deu o ar da graça a todos os seus colegas de empreitada. A escavação da qual participavam resultou em uma das maiores descobertas da arqueologia bíblica deste ano: uma taça de pedra, datada do século I d.C., na qual estão escritas dez linhas, possivelmente em aramaico ou em hebraico. Trata-se de um código secreto, ainda misterioso, formado por algumas letras redigidas de cabeça para baixo e frases de trás para a frente. Uma relíquia do tipo, suspeitam os pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte que capitaneavam a missão, pode ter sido usada por Jesus para se lavar ritualmente antes da última ceia.
Entrada da Tumba
Não existe na história de Israel nenhum vaso ritual com inscrição tão extensa quanto este. “Infelizmente não fui eu quem deu a picaretada para tirá-lo do chão”, lamenta-se, em um primeiro momento, o professor Fabbro. “Mas o prazer de tocar em um objeto que ninguém tinha visto em dois mil anos é indescritível.” Saciar o espírito aventureiro, próprio do herói da série “Indiana Jones”, e contribuir com a ciência motivam alguns arqueólogos brasileiros a deixar de lado os livros e o conforto do lar para, no Exterior, sujar as mãos de terra em busca de objetos raros. Não é tarefa fácil.
Em 2007, o professor mineiro Rodrigo Pereira da Silva, especialistaem arqueologia pela Universidade Hebraica de Jerusalém, escavou na Jordânia. Como os trabalhos em sítios arqueológicos começam cedo por causa do calor, passou um mês acordando às 4h da manhã. Com um turbante na cabeça e munido de trena, pá, picareta, colher de pedreiro, vassoura e pincel, ele dava expediente em uma camada de terra do período persa datada do século VI a.C. até a hora do café, às 8h. Duas horas e meia mais tarde, Silva, que leciona no Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp), almoçava no alojamento próximo dali, onde ele e outros colegas dormiam. À tarde, o sol castigava e não havia escavação. A labuta, porém, não parava. Com um balde de água e escova de dente, os pesquisadores tinham de lavar os achados.
“O prazer de tocar em um objeto que ninguém tinha visto em dois mil anos é indescritível”
Jorge Fabbro, arqueólogo que escavou três vezes em Israel
Jorge Fabbro
Idade: 54 anos
Formação: teólogo e advogado, mestre em arqueologia pela Andrews University (EUA)
Expedições: Israel (nas cidades de Tel Dor, Megiddo e Jerusalém)
Descobertas: taça de pedra com uma inscrição de dez linhas usada por sacerdotes do primeiro século do cristianismo. É o vaso ritual que apresenta a inscrição mais extensa da história de Israel. Escama de bronze de 700 a .C. que fazia parte da couraça de um guerreiro
Com algumas poucas mudanças, esse foi o ritual de Silva, 39 anos, nas seis expedições que constam de seu currículo. “É um trabalho gostoso, no qual não existe a síndrome da segundafeira”, afirma o professor, que descobriu uma estatueta datada entre 10 mil a.C. e 5 mil a.C., hoje exposta no museu de Shaar ha Golan, em Israel. Empoeirar-se em terras sagradas do Oriente Médio – o professor Fabbro conta que a cada dois dias de trabalho joga-se fora uma camiseta e uma calça – custa caro e, na maioria dos casos, é bancado pelo próprio acadêmico.
Silva desembolsou cerca de R$ 10 mil na missão da Jordânia. Fabbro, que se inscreveu e foi selecionado pela Universidade da Carolina do Norte, contou com o patrocínio de R$ 20 mil da Universidade Santo Amaro (Unisa), na qual leciona, para passar seis semanas em Jerusalém. O fator econômico é o que mais afasta os pesquisadores nacionais da arqueologia das terras bíblicas. “O Brasil não possui missões no Egito. Até a Argentina tem uma escavação lá”, reclama a egiptóloga Cintia Alfieri Gama. Historiadora e mestre em arqueologia, Cintia é uma paulistana de 28 anos que, atualmente, faz doutorado em religião do Egito Antigo na universidade Sorbonne, na França. Em março do ano que vem, ela retornará a Luxor, cidade egípcia onde, desde 2007, escava na tumba de Harwa, um mordomo dos faraós da 25ª dinastia (que ocorreu entre 747 a.C. e 656 a.C.). “As pessoas estranham quando encontram uma brasileira que se interessa pelo estudo do Egito Antigo e escave. Acabamos virando uma atração”, conta ela.
CÓDIGO SECRETO A inscrição e o local onde foi descoberta
A maior parte do tempo, Cintia trabalha em uma sala montada dentro da tumba, cujo tamanho é de aproximadamente 1.000 m2. Ali, já catalogou 1382 estatuetas funerárias. Conhecidos como shabtis ou ushabtis, esses objetos, entre 7 cm e 50 cm, eram deixados em sepulturas egípcias e serviam como trabalhadores mágicos que realizariam todas as tarefas que o morto deveria fazer. Com elas o defunto se livrava de afazeres no além. No Egito, ela conta, os pesquisadores estrangeiros não têm permissão para escavar e apenas supervisionam o trabalho braçal realizado pelos nativos. A medida visa garantir emprego ao povo local e impedir o sumiço de peças valiosas. A brasileira está envolvida ainda em outra missão, no templo dedicado à deusa Mut, esposa do deus Amon. “Foi minha primeira escavação, em 2005, e logo na cidade onde se passa o primeiro dos filmes de Indiana Jones”, conta ela, referindo-se à cidade de Tanis.
Nesse local, o arqueólogo mais famoso do mundo, vivido pelo ator Harrison Ford, esquivou-se de cobras mortíferas, trocou tiros com bandidos e imortalizou cenas de pastelão em “Os Caçadores da Arca Perdida”. Na vida real, excluindo o glamour hollywoodiano, a profissão tem lá seu espírito de aventura. O professor Silva escapou de um atentado à bomba que ocorreu no mercado onde sempre passava na volta do sítio arqueológico de Shaar ha Golan,em 1998. “Naquele dia, acabei optando por outro caminho”, conta. A egiptóloga Cintia é aconselhada a não sair à noite da casa onde dorme, no deserto de Tanis, porque “espíritos maus podem atacar”. “Nas portas há sacos de ervas para espantá-los”, diz ela. Já o arqueólogo Fabbro, que chegou a escavar com caças israelenses sobrevoando sua cabeça, brinca ao citar a maior das aventuras dessa profissão fascinante: “Dividir o quarto com colegas. Até Ph.D. ronca!”.
FONTE: http://www.istoe.com.br/reportagens/15744_COMO+INDIANA+JONES?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage
CAROS AMIGOS POR QUE ATÉ HOJE NÃO OUVE MAIS UMA ESPEDIÇÃO PARA A AMAZONIA???? REF A TRIBOS, PIRAMEDES PERDIDAS E BASE NAZISTAS
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